O impacto femoroacetabular (IFA) é uma doença relativamente recente dentro das patologias do quadril, ocorrendo…
O que é cirurgia de Prótese do Quadril?
A cirurgia de prótese do quadril (também chamada em termos médicos de artroplastia de substituição do quadril, ou apenas artroplastia) é o procedimento que envolve a ressecção e substituição da porção doente do quadril (normalmente decorrente do desgaste avançado da articulação) por um dispositivo artificial, a prótese.
Apesar das primeiras tentativas de realização de cirurgias de substituição articular do quadril datarem do final do século XIX e vários materiais terem sido testados como possíveis substitutos, apenas no final da década de 50 foi obtido um resultado significativo pelo cirurgião britânico, Sir John Charnley. A partir desta data, a cirurgia de prótese total do quadril evoluiu de maneira expressiva, chegando a ser considerada a cirurgia do século pela revista Lancet no ano de 2007.
Com todo este avanço científico na área, atualmente dispomos de diversos modelos e materiais de próteses para que o cirurgião de quadril possa optar de forma personalizada ao indicar a cirurgia de artroplastia de acordo com a anatomia e hábitos de vida do paciente.
Quais os diferentes tipos de cirurgia e suas indicações:
1- Prótese total ou parcial do quadril:
A prótese total se refere ao procedimento de substituição da articulação do quadril que envolve a reposição tanto da parte femoral (osso longo da coxa) quanto da parte acetabular do quadril (cavidade óssea presenta na pelve onde o osso do fêmur se encaixa). Em contra partida, a prótese parcial substitui apenas a parte femoral mantendo o acetábulo natural do paciente.
A prótese total é a mais indicada na grande maioria dos casos, pois apresenta maior sobrevida e evita dor residual que pode advir da parte acetabular não substituída na cirurgia. Suas indicações são diversas, desde alterações degenerativas primárias da cartilagem (osteoartrose primária), como sequelas de doenças da infância, sequela de doenças traumáticas, osteonecrose da cabeça femoral e fraturas na região do quadril (fratura do colo, principalmente).
A indicação de prótese parcial é mais restrita, sendo limitada excepcionalmente para algumas fraturas na região do quadril em pacientes mais idosos e com baixíssima demanda funcional.
2 – Prótese cimentada ou não cimentada:
Relaciona-se a forma de fixação da prótese ao osso do paciente. As próteses cimentadas, são fixadas por um cimento ortopédico que se interpõe entre o implante e o osso do paciente, penetrando nas trabéculas ósseas e permitindo assim sua estabilização. A prótese não cimentada, por outro lado, é revestida por um material que permite que o osso se integre à prótese, crescendo para dentro ou ao redor desta superfície. Chamamos esse fenômeno de osteointegração do implante.
Existem cirurgiões que defendem uma ou outra alternativa frente a sua experiência profissional, sendo tema de debate até os dias de hoje nos congressos da especialidade. Ambas são boas opções, cada uma com seu risco/benefício, devendo o especialista em quadril tomar sua decisão baseado em fatores individuais de cada paciente e principalmente levando em consideração a sua experiência pessoal com cada modelo de prótese.
3 – Tipos de materiais na prótese total do quadril
Um tema bastante discutido e importante para a sobrevida da prótese é o tipo de material que irá se articular (chamamos essa relação de par tribológico).
A prótese total é composta por um componente que se fixa a região acetabular (cavidade óssea no osso da pelve na qual o osso do fêmur se encaixa) e que articula com outro componente na região femoral (osso longo da coxa).
Atualmente temos quatro opções de pares tribológicos que podem se articular: metal/metal; metal/polietileno; cerâmica/cerâmica; e cerâmica/polietileno. Apesar de sua baixa taxa de desgaste, a articulação metal/metal foi praticamente abandonada nos dias atuais (apenas alguns modelos de prótese ainda apresentam esse tipo de opção), principalmente devido à formação de íons de metal geradas pelo atrito entre essas superfícies.
Esses íons de metal, normalmente formados de cromo e cobalto, podem induzir reações nos tecidos ao redor da prótese, acometendo tanto a sobrevida do implante quanto a função desses tecidos (fenômeno chamado de metalose). Além disso, existe uma preocupação em relação aos efeitos colaterais que poderiam ser ocasionados pelo aumento crônico dos níveis de cromo e cobalto no sangue desses pacientes.
A articulação metal/polietileno é uma das mais antigas e oferece uma boa opção apesar de apresentar a maior taxa de desgaste entre os quatro pares. Antigamente era grande a preocupação com o desgaste do polietileno e sua influência na durabilidade da prótese, porém com as novas gerações de polietileno (principalmente o highly cross linked polyethylene) esse problema foi minimizado e atualmente é uma opção boa e segura.
Os implantes de cerâmica (nome utilizado para designar uma liga de metal associado com oxigênio) foram desenvolvidos para substituir os primeiros implantes de polietileno, que apresentavam uma taxa de desgaste insatisfatória.
Dessa forma, apresentando maior dureza e menor formação de debris, a articulação cerâmica/cerâmica é o par que possuiu menor desgaste entre todos e muitas vezes é a opção de escolha para pacientes mais jovens. Contudo, apesar da menor taxa de desgaste, o atrito entre estas duas superfícies duras geraram alguns problemas nas primeiras gerações que envolviam desde a quebra deste material até o aparecimento de um barulho similar a uma porta rangendo que aparecia quando o paciente se movimentava, chamado na literatura de squeaking.
Da mesma forma como o polietileno evoluiu, a cerâmica também evoluiu e atualmente essas complicações são extremamente raras, fazendo com que o par cerâmica/cerâmica seja um dos preferidos entre muitos cirurgiões de quadril.
Por último, o par cerâmica/polietileno se revela como uma excelente opção, sendo um meio termo entre as articulações cerâmica/cerâmica e metal/polietileno. Apresenta a segunda menor taxa de desgaste entre os pares, pouco atrás da cerâmica/cerâmica, sem os riscos de complicação relacionados à dureza de ambos os materiais. Assim, apresenta uma opção com boa durabilidade e menores riscos de complicação associada aos implantes.
4 – Qual a melhora prótese de quadril?
A opção pelo melhor par tribológico depende de uma análise detalhada feita pelo seu médico ortopedista, especialista em quadril que deve levar em conta características individuais de cada paciente e a experiência do cirurgião para definir a melhor conduta para cada caso.
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